segunda-feira, 22 de julho de 2013

Não arrastes o meu caixão

Não arrastes o meu caixão
Que o macadame tornou-se infame
E a traição dificulta a tração

É por isso que volto à poeira
Menos atroz o atrito à madeira
Nas tábuas do meu caixão
Os ornamentos tornaram-se lisos
Vaidade morta, só restam narcisos
Em coroa no meu caixão

Não arrastes o meu caixão
Que as carpideiras perderam maneiras
E o cortejo tornou-se motejo
Em epitáfios talhados por cegos
Entre sevícias entrego-me aos pregos
Das tábuas do meu caixão

Do meu sarcófago fazes saltérios
Como a uma lira dedilhas o lírios
Em coroa no meu caixão

O estranho esquife espiaras, esconso
Na valsa convulsa em volta do vulto
Que habita no meu caixão.
SU

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