Em Coimbra
respira-se espírito académico. Esta é uma imagem de marca bem vincada da Lusa Atenas,
de que os seus habitantes e seus estudantes tanto se orgulham. Porque em
Coimbra se sente o peso da tradição, o acumular de memórias de tantos séculos
de histórias, Coimbra é certamente uma cidade diferente, e a sua Universidade
única.
Olhando para as
outras cidades, as diferentes Universidades e Politécnicos tentam mimetizar
esta característica, criando tradições pesadas, porém jovens, com forte adesão
da comunidade estudantil. Agora, o que me parece que falhou aqui foi o não
entendimento da definição de “espítiro académico”, talvez também por
esquecimento da velha Coimbra.
Repare-se, se
hoje for perguntar a um estudante numa qualquer Universidade sobre a sua
definição de espírito académico, poderá obter várias respostas, entre as mais
comuns: “São festas e camaradagem!” – responderão os mais foliões, se ainda
tiverem o bom senso de não mencionar o (muito) alcóol normalmente envolvido na
dita camaradagem; mas essas características meus amigos podem tê-las até no
Avante... Outros, mais sérios responderão: “É sentir a importância do traje
(capa e batina em Coimbra), o peso secular da história da Universidade, e sua
importância vital na sociedade Portuguesa”.
Pois bem, à
importância na sociedade torço já o nariz, é fácil ver qual a opinião pública
em relação aos universitários portugueses, e isso, não tenho medo nenhum de
afirmar, é culpa dos universitários, afinal estão tão vincados nesse tal
espírito académico que se estão a dirigir numa direcção errada.
O espírito
académico é a procura do conhecimento por si, de querer sempre saber mais, de
promover discussões entre os diversos intervenientes da academia, sempre com um
carácter intelectual e académico.
Antigamente assistia-se ao Cortejo da Queima das Fitas de Coimbra e
dizia-se “Ali vão os futuros dirigentes do nosso país”. Agora vêm uma cambada
de ignóbeis num concurso desenfreadro de tentar entrar em coma alcoólico ainda
antes da Rotunda do Papa.
Atenção, não sou
hipócrita ao ponto de dizer que nos meus tempos de estudante não abusei do
álcool e da folia, isso faz parte de estudar em Coimbra. Mas em relação ao resto, confesso
que por vezes me soube a pouco. Talvez não tenha sabido procurar bem...
ou talvez haja pouco estímulo para incutir esta mentalidade?
Um apelo às
gerações futuras: imponham de novo o verdadeiro sentido de espírito académico e academia.
O país ia agradecer e beneficiar.
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