quinta-feira, 13 de junho de 2013

Espírito Académico

Em Coimbra respira-se espírito académico. Esta é uma imagem de marca bem vincada da Lusa Atenas, de que os seus habitantes e seus estudantes tanto se orgulham. Porque em Coimbra se sente o peso da tradição, o acumular de memórias de tantos séculos de histórias, Coimbra é certamente uma cidade diferente, e a sua Universidade única.

Olhando para as outras cidades, as diferentes Universidades e Politécnicos tentam mimetizar esta característica, criando tradições pesadas, porém jovens, com forte adesão da comunidade estudantil. Agora, o que me parece que falhou aqui foi o não entendimento da definição de “espítiro académico”, talvez também por esquecimento da velha Coimbra.

Repare-se, se hoje for perguntar a um estudante numa qualquer Universidade sobre a sua definição de espírito académico, poderá obter várias respostas, entre as mais comuns: “São festas e camaradagem!” – responderão os mais foliões, se ainda tiverem o bom senso de não mencionar o (muito) alcóol normalmente envolvido na dita camaradagem; mas essas características meus amigos podem tê-las até no Avante... Outros, mais sérios responderão: “É sentir a importância do traje (capa e batina em Coimbra), o peso secular da história da Universidade, e sua importância vital na sociedade Portuguesa”.

Pois bem, à importância na sociedade torço já o nariz, é fácil ver qual a opinião pública em relação aos universitários portugueses, e isso, não tenho medo nenhum de afirmar, é culpa dos universitários, afinal estão tão vincados nesse tal espírito académico que se estão a dirigir numa direcção errada.

O espírito académico é a procura do conhecimento por si, de querer sempre saber mais, de promover discussões entre os diversos intervenientes da academia, sempre com um carácter intelectual e académico

Antigamente assistia-se ao Cortejo da Queima das Fitas de Coimbra e dizia-se “Ali vão os futuros dirigentes do nosso país”. Agora vêm uma cambada de ignóbeis num concurso desenfreadro de tentar entrar em coma alcoólico ainda antes da Rotunda do Papa.

Atenção, não sou hipócrita ao ponto de dizer que nos meus tempos de estudante não abusei do álcool e da folia, isso faz parte de estudar em Coimbra. Mas em relação ao resto, confesso que por vezes me soube a pouco. Talvez não tenha sabido procurar bem... ou talvez haja pouco estímulo para incutir esta mentalidade?

Um apelo às gerações futuras: imponham de novo o verdadeiro sentido de espírito académico e academia. O país ia agradecer e beneficiar.

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