terça-feira, 23 de outubro de 2012

Em Viseu a cultura é acessível

O Teatro Viriato está novamente de parabéns. Os tempos são difíceis e ninguém tem dinheiro, e a pensar nisto o Teatro criou um bilhete especial para desempregados, com o valor de 2,50€.

Note-se que a média de preço para o teatro para os "menos jovens" é de 12,5€, pelo que estamos a falar numa grande descida. Pessoalmente acho a iniciativa louvável.

Temos já aí "A(s) Boda(s)" a estrear já na próxima sexta-feira, cada vez há menos desculpas. Venham lá, continuo a pagar o café.

A ignorância é o maior perigo de uma sociedade. Pratiquem cultura!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ducado de Viseu

Certa vez, andava eu a mostrar a cidade a um amigo, este pergunta-me "Ò Gabriel, porquê que vocês roubaram a estátua do Infante D. Henrique a Sagres?"

Preparei-me para abrir a boca para explicar que não havia qualquer roubo, mas eis que um colega conterrâneo que me ajudava na tarefa turística diz "deve ser para compensar não termos mar".

Fiz um facepalm e pensei "mas esta gente não tem 1 pingo de interesse na sua terra". Pois bem, o Forma Farmacêutica Oral faz aqui um serviço público viseense e explica a todos a razão de termos estátua de tão nobre personalidade. Como devem imaginar, sendo eu um mero farmacêutico, sou também ignorante nos pormenores históricos que alimentam uma narrativa deste género, pelo que me vou tentar socorrer da Wikipédia (com toda a veracidade que lhe é merecida) para fornecimento de datas.

Viseu, cidade fundada em período ainda anterior à nacionalidade, tem conjuntamente com Coimbra o mais antigo ducado de Portugal. Em 1415 el-rei D. João I oferece o título de Duque de Viseu a Infante D. Henrique, primeiro duque de Viseu (e é por isto que temos uma estátua do Infante, estátua essa que até já esteve no centro da Praça da República, vulgo Rossio). Entretanto, o Infante nomeia seu herdeiro o seu sobrinho Infante D. Fernando, a quem havia sido atribuído o ducado de Beja. Assim, os ducados de Viseu e Beja tornam-se associados.

A partir daqui, sucederam-lhes D. João, D. Diogo, D. Manuel I (Rei de Portugal). Com a ascensão de D. Manuel a Rei, o título de duque é incorporado na coroa, tendo-lhe sucedido como última duquesa de Viseu D. Maria, sua filha.

E então, orgulhosos de viverem num ducado?

Academices na pseudo-academia de Viseu

Ó Osório, então tu com a tua idade deixas-me a Ruth Marlene ir embora?
A sério? Cancelar um evento de 40.000€ a menos de uma semana?

Realmente ainda tenho muito para aprender

Swing!


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Hostel

Quando eu era um jovem petiz, viajar não era para todos, e se conseguíssemos ir acampar para Aveiro com os nossos colegas já eram umas férias 10* que nunca mais nos esqueceríamos.
Mas o mundo encurtou, e as viagens ficaram bem mais baratas. Novamente, quando era um jovem petiz, tinha ideia que um bilhete de avião era coisa para ficar a roçar, no mínimo 20X a minha mesada. Agora, há viagens a 10€.

Mas isto é bom meus amigos, a Europa quer-se mais curta, e efectivamente esta maior facilidade em viajar aproximou mais os povos. Além dos vôos Low Cost, existe ainda a dificuldade do alojamento, e também para isto a indústria turística jovem arranjou soluções: Hostel! Um Hostel é um tipo de acomodação caracterizada pelos baixos preços e pela socialização, ou seja, dois em um: vais viajar, pagas pouco e conheces gente.

A comunidade saltimbanco criou também um outro conceito interessante chamado Couchsurfing, em que basicamente as pessoas oferecem os seus sofás ou camas a pessoas que queiram viajar para esses sítios, mas isso dá conversa para um outro post futuro.

Voltando ao Hostel; viajar é portanto uma actividade bem mais vulgar e desejada que antigamente, efectivamente é mais acessível e as pessoas desejam de facto conhecer o mundo, e como podemos deduzir, a presença de um hostel chamará jovens aventureiros a essa zona, exactamente por ser um sítio de encontro e confraternização.

Agora vejamos a realidade Portuguesa, de Norte a Sul (somente Hostel, não contabilizando Bed & Breakfast’s) [Informação retirada de http://www.hostelworld.com]:

- Ponte da Barca: 1 Hostel;
- Braga: 1 Hostels (é assim que se escreve o plural?);
- Guimarães: 4 Hostels;
- Felgueiras: 1 Hostel;
- Porto: 30 Hostels;
- Espinho: 1 Hostel;
- Praia de Esmoriz: 1 Hostel;
- Aveiro: 2 Hostels;
Viseu: 0 Hostels;
- Coimbra: 6 Hostels;
- Figueira da Foz: 1 Hostel;
- Leiria: 1 Hostel;
- S. Martinho do Porto: 1 Hostel;
- Peniche: 12 Hostels;
- Lourinhã: 4 Hostels;
- Torres Vedras: 1 Hostel;
- Ericeira: 6 Hostels;
- Sintra: 3 Hostels;
- Cascais: 3 Hostels;
- Lisboa: 44 Hostels;
- Caparica: 1 Hostel;
- Setúbal: 1 Hostel;
- Sesimbra: 1 Hostel;
- Évora: 3 Hostels;
- Vila Nova de Milfontes: 4 Hostels,
- Aljezur: 2 Hostels;
- Sagres: 1 Hostel;
- Lagos: 12 Hostels;
- Portimão: 3 Hostels;
- Lagoa: 1 Hostel;
- Albufeira: 1 Hostel;
- Faro: 5 Hostels;
- Tavira: 1 Hostel
- Pico (Açores): 1 Hostel;
- São Jorge (Açores): 1 Hostel;
- Angra do Heroísmo (Açores): 1 Hostel;
- Ponta Delgada (Açores): 1 Hostel;
- Vila do Porto (Açores): 1 Hostel;
- Funchal (Madeira): 1 Hostel.

Consegui fazer passar a minha mensagem? Viseu não tem Hostel. Viseu que fica a 1h30 do aeroporto do Porto, que é um aeroporto bastante movimentado, ainda mais considerando os low cost, não tem Hostel. Ok, temos a Pousada da Juventude do IPJ, mas os turistas não sabem certo? E se de facto houvesse um Hostel, listado na comunidade Hostel, a chamar turistas à cidade?

Adaptar aos novos tempos amigos!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tratar de Viseu

O caríssimo Miguel Fernandes acedeu a que eu publicasse um seu texto, originalmente publicado no Jornal do Centro. Pedi para o publicar aqui na forma farmacêutica oral porque revejo-me inteiramente em todos os pontos focados, e na esperança de fazer algumas cabeças iluminar,

Um bem haja Miguel. Aqui vai:

Tratar de Viseu (Jornal do Centro)



1     Tratar da Saúde: Nas últimas semanas, os deputados do PS, eleitos por Viseu, questionaram o ministério da Saúde a propósito da construção de um centro oncológico nos terrenos do Hospital S. Teotónio. Tendo em conta que a criação desta unidade encontra-se projectada desde o último governo liderado por José Sócrates, o actual executivo foi questionado se a construção, da mesma, ainda faz parte dos planos do ministério e qual o tempo de execução previsto. Apoiados no estudo “ Acesso, concorrência e qualidade na prestação de cuidados de saúde de radioterapia externa” da entidade reguladora de saúde, aferimos que, na região centro, 44% da população reside a pelo menos 60 minutos de uma unidade com serviço de radioterapia, sendo que esta situação se agrava nos distritos de Viseu e Guarda. Neste contexto, não descurando a grave crise que o país atravessa, é fácil concluir que o desenvolvimento deste projecto é de extrema importância para a melhoria da qualidade de vida de todos os doentes oncológicos da região. Sendo verdade que diversos governos, nos últimos 30 anos, não fazem outra coisa sem ser “tratar da saúde” do interior, e que entre trocas de executivos esta região perdeu ou viu adiados projectos vitais para o seu desenvolvimento (como o Comboio, a Universidade e a Auto-estrada Viseu-Coimbra), resta a pergunta: Quando deixamos de ser a cidade do quase? Neste jogo entre o deve e o haver, ficamos sempre a sonhar com o que poderia ter sido.

2   Tratar dos Emigrantes: José Cesário, um exemplo do estilo de políticos que nos trouxeram a este ano de 2012, acumula horas de voo, será que cumpre a diplomacia económica de Paulo Portas? Até aqui tudo bem, ou tudo mal - depende do optimismo do leitor - o problema do Secretário de Estado está na acessoria, no GPS, ou pior, nos dois. As latitudes frequentadas pelo Secretário de Estado das Comunidades são boas na óptica do turista (aquele turista barrigudo de bermudas, havaiana, meia branca e camisa garrida), no entanto más na óptica dos empresários nacionais ou pouco representativas da diáspora nacional. A comunidade lusa necessita de um “diplomata” que conheça os problemas das suas gentes, ligue o descomplicómetro, simplifique os processos, que esteja presente, que apoie a expansão da nossa cultura, que perceba que em pleno seculo XXI somos bem mais que folclore, bacalhau cozido, carrascão e pimba, que perceba que o quinto império só será realizado através da língua e cultura nacional. Neste momento excepcional, com uma nova vaga de emigrantes de perfil distinto das anteriores vagas, Portugal necessita de governantes excepcionais que lancem as bases para o nosso futuro que, como sempre, é grande demais para este cantinho. José Cesário, por demérito próprio, está na boca do canhão.

3   Tratar da Indústria: Caro leitor, avanço com 10 nomes (caso o seu sobrenome seja silva p.f. ultrapasse o trauma dos likes): Broose, Labesfal, Inter-recycling, Lusofinsa, PSA, Sonae, Huf, Topakc, Borgstena, Avon Automotiv. Não se preocupe, estes não são os nomes das bandas de roque-enrole que as criaturas, que insistem em tratá-lo por pai, ouvem lançando na sua casa um mar de som insuportável. Estes são nomes de unidades industriais que se instalaram em concelhos limítrofes de Viseu, unidades exportadoras, reconhecidas internacionalmente nas suas áreas de produção, que empregam milhares de pessoas (muitas das quais nossas vizinhas, conhecidos ou amigos), geradoras de milhões de euros em receitas e que colocam o distrito e a região no roteiro da indústria. Viseu beneficiou com a instalação destas unidades, fixámos população, acolhemos alguma da mão-de-obra que passaram a ser Viseenses de coração, podemos reforçar a oferta de serviços. Mas não seria melhor se estas e outras unidades estivessem a ocupar os nossos parques, a pagar aqui os seus impostos, a criar aqui oportunidades de emprego, a transformar Viseu numa cidade industrial e mais atractiva?

in Jornal do Centro  (Miguel Fernandes)